Bases epistemológicas da Geografia Econômica e do Trabalho


CRUZ, Uilmer Rodrigues Xavier da; GARCIA, Ricardo Alexandrino. Bases epistemológicas da Geografia Econômica e do Trabalho. Bauru: Gradus, 2025.

Apresentação:

A relação entre espaço e trabalho é central para compreender as dinâmicas socioeconômicas que moldam o mundo contemporâneo. O capitalismo, ao longo de sua consolidação, reorganizou territórios e redefiniu as condições de vida da classe trabalhadora, estabelecendo hierarquias espaciais que determinam acessos, oportunidades e desigualdades. A mobilidade do trabalho, frequentemente apresentada como liberdade, revela-se, na realidade, uma adaptação compulsória às exigências do sistema produtivo.
Desse modo, a cidade, enquanto palco da luta de classes, reflete essas contradições ao estruturar-se de maneira desigual. A segregação espacial, a falta de infraestrutura e a precarização das condições de moradia e transporte são expressões diretas da exploração do trabalho. O espaço urbano, longe de ser apenas um local de circulação e produção, é também um mecanismo de controle e exclusão, no qual a lógica do capital dita quem pode usufruir dos direitos à cidade e quem é forçado à marginalização.
Além disso, a divisão internacional do trabalho reforça a dependência econômica e a expropriação de recursos, perpetuando um modelo que concentra riquezas em centros hegemônicos e impõe condições de exploração aos países periféricos. Nesse contexto, o trabalhador imigrante torna-se um símbolo da crise capitalista, deslocado pela busca por sobrevivência e submetido a novas formas de opressão e humilhação. O trabalho invisível, em especial o feminino e racializado, sustenta essa engrenagem, evidenciando que as desigualdades vão além da classe e atravessam também o gênero e a raça.
A apropriação privada de bens comuns, a mercantilização dos espaços e a especulação imobiliária reforçam um modelo de cidade que serve ao capital, enquanto expulsa os trabalhadores para periferias desprovidas de direitos básicos. Dessa forma, a luta pelo espaço torna-se, simultaneamente, uma luta pelo trabalho e pela dignidade.
Diante dessas contradições, pensar a Geografia Econômica e a Geografia do Trabalho é pensar a própria estrutura do sistema econômico em que vivemos. A resistência da classe trabalhadora, seja nas ocupações urbanas, nas greves ou na reivindicação do direito à cidade, evidencia que a luta não é apenas por melhores condições materiais, mas por uma reorganização do espaço social. Assim, o estudo das relações entre Geografia Econômica e a Geografia do Trabalho nos permite enxergar que a emancipação não se dará sem a transformação das estruturas espaciais que sustentam a exploração capitalista.

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Sumário:

Apresentação | Uilmer Rodrigues Xavier da Cruz e Ricardo Alexandrino Garcia - p. vi

Transformações espaciais no capitalismo contemporâneo: megarregiões, circuitos produtivos e a crítica às teorias clássicas de localização - uma revisão de literatura - p. 12

Financeirização, desigualdades e resistências: uma análise crítica da urbanização brasileira contemporânea por meio de revisão de literatura - p. 77

Transformações geopolíticas globais e desenvolvimento regional: desafios e oportunidades no século XXI - p. 148

Inovação e desenvolvimento territorial na economia do conhecimento - p. 203

Geografia e Trabalho: um ensaio teórico - p. 241

Sobre os autores - p. 291