Sonetos de Geografia


STEINKE, Valdir Adilson. Sonetos de Geografia. Brasília: Lagim-UnB, 2025.

Apresentação:

A Geografia é um convite a contemplar o mundo em sua complexidade e beleza. Entre paisagens que murmuram histórias e processos que traçam a dança incessante do tempo, desvela-se a narrativa que a Terra escreve em sua essência. É nos ciclos de rochas que se desgastam, nas dinâmicas dos rios que serpenteiam o relevo, nos ventos que acariciam montanhas e nas matas que renascem após as estações que se revela o elo entre a materialidade do espaço e o intangível fluxo da existência. Contudo, há nuances que os gráficos não capturam e que as fórmulas não traduzem: a pulsação cordata das paisagens, a melodia misteriosa dos fenômenos, a poesia que o tempo esculpe na superfície do planeta.
Este livro surge da intenção de unir dois modos de apreender o mundo: a precisão científica e a sensibilidade poética. Aqui, a Geomorfologia transcende a análise técnica e se eleva ao lirismo, onde os rios não apenas esculpem vales, mas narram, em versos, suas trajetórias sinuosas entre montanhas e planícies. Os climas abandonam a frieza dos números e tornam-se vozes que murmuram histórias de transformação e permanência. Nesse cenário, a urbanização e a agricultura entram em cena como expressões tangíveis da relação entre sociedade e natureza, tecendo, junto à Geografia, uma narrativa complexa que conecta o humano às paisagens que molda e pelas quais é moldado. O soneto, com sua estrutura harmoniosamente disciplinada e sua musicalidade intrínseca, espelha a complexidade intrínseca dos fenômenos naturais, erguendo-se como um veículo que pode abordar o conhecimento como sendo uma experiência fortemente sensível e poética.
Enquanto a ciência busca a clareza dos fatos, a poesia descobre a essência por trás dos dados. Juntas, elas não apenas se complementam, mas criam um campo ampliado de significado, em que o rigor técnico dialoga com a intuição e a emoção. Os versos aqui apresentados revelam camadas de compreensão que vão além da linguagem acadêmica, permitindo que os processos naturais sejam sentidos em toda a sua profundidade. A poesia, ao traduzir o que é invisível ao olhar comum, ilumina o que antes era apenas implícito, enquanto a ciência ancora esse lirismo em fundamentos sólidos, conferindo-lhe um significado tangível.
Cada soneto é uma página do grande livro da Terra, escrito pelo tempo e pelas forças que moldam o planeta. Nos campos vastos do Cerrado, nos rios majestosos da Amazônia, nas dunas moldadas pelo vento e nas colinas onduladas do Pampa, as paisagens ganham voz e ritmo. Esta obra convida o leitor a ver a geografia não como um conjunto de conceitos estáticos, mas como uma trama viva e mutável, uma dança contínua entre o espaço, o tempo e a vida.
A proposta apresentada no livro é mais que um exercício poético; é uma nova forma de comunicar o saber, ampliando os horizontes do pensamento geográfico para além de suas expressões tradicionais. A ciência ganha profundidade ao dialogar com a sensibilidade, e a poesia encontra alicerce no conhecimento, criando um caminho que conduz tanto à compreensão quanto ao encantamento. Este livro é um convite a percorrer paisagens expressas em palavras. Que cada verso, seja um espelho de uma micro fração da Terra, uma trilha de descobertas, uma ponte entre a razão e a emoção. Que a ciência que se revela em versos inspire um olhar mais atento, mais sensível, mais conectado. Pois a Geografia, quando unida à poesia, não apenas explica o mundo – ela o celebra em sua eternidade.

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Sumário:

Prefácio | Vanda de Claudino-Sales - p. 7

Introdução - p. 8

Geógrafo - p. 11

Intrincatio - p. 12

Interfaces - p. 13

Notio - p. 14

Scientia terrae - p. 15

Gênese - p. 16

Cadência - p. 17

Despertar - p. 18

Vestígios - p. 19

Raízes - p. 20

Humus - p. 21

Fissuras - p. 22

Cicatrizes - p. 23

Vozes do aquífero - p. 24

Dinâmicas - p. 25

Bacias - p. 26

Afluentes - p. 27

Legados - p. 28

Chave - p. 29

Ciclo da existência - p. 30

Meteoroceno - p. 31

Pegada - p. 32

Climopaisagem - p. 33

Modelística - p. 34

Ancestralidade - p. 35

Interpelação - p. 36

Decodificação - p. 37

Topogênese - p. 38

Cronopaisagem - p. 39

Geopedagogia - p. 40

Mimesis - p. 41

Mapa - p. 42

Tecnociência - p. 43

Esculpindo - p. 44

Forças motrizes - p. 45

Prudência e cuidado - p. 46

Pulsos - p. 47

Tablado - p. 48

Impositor - p. 49

Seca(s) - p. 50

Cicatrizes - p. 51

Terra em dança - p. 52

Biomas - p. 53

Amazônia - p. 54

Caatinga - p. 55

Cerrado - p. 56

Pampa - p. 57

Mata Atlântica - p. 58

Pantanal - p. 59

Rios amazônicos - p. 60

Veredas - p. 61

Coxilhas - p. 62

Araucárias - p. 63

Os brejos pantaneiros - p. 64

A flora da Caatinga - p. 65

O litoral - p. 66

Fronteiras - p. 67

O banhado do Taim - p. 68

O espinilho do pampa - p. 69

O planalto central - p. 70

As cuestas - p. 71

Áreas protegidas - p. 72

Povos originários - p. 73

A cidade e o campo - p. 74

Relações de poder - p. 75

Propositivo - p. 76

Rastros geopoéticos - p. 77

Sobre o autor - p. 78