Big Tech, Geopolítica e Globalização


TEIXEIRA, Vinicius Modolo; FOLMER, Ivanio; BRIGOLA, Higor Ferreira (org.). Big Tech, Geopolítica e Globalização. Santa Maria: Arco Editores, 2025.

Apresentação:

A partir dos anos 2000 a Geopolítica, que fora desacreditada em prol de ideologias vinculadas a tese de “Fim da História”, retomou seu sentido a partir das crescentes tensões que substituíram o período da Guerra Fria e bipolaridade, por um momento onde as ameaças e os conflitos são ainda mais complexos e difundidos. Assim, a cada dia a Geopolítica se afirma como ciência necessária para a compreensão de nossa realidade.
O território continua um conceito chave para a discussão geopolítica, porém, hoje, a dimensão virtual ganha importância como um campo de disputas e exercício de poder, passando a dominar nossas relações e a exercer influência em praticamente todos os aspectos e dinâmicas de nossa vida. Ao mesmo tempo, o Estado, também bastante questionado quanto a sua capacidade organizacional e de gestão durante os anos finais do século XX, no século XXI continua demonstrando sua relevância, porém, agora ladeados por grandes companhias transnacionais de tecnologia, que coletam, manipulam e utilizam dados das populações para influenciá-los.
A dinâmica e magnitude dos dados gerados pelos cidadãos de todo o mundo abre brechas também para que Estados exerçam controle sobre suas populações e também para fora de seus domínios territoriais, agindo sob os auspícios da segurança, mas com capacidades que os tornam capazes de atitudes orwelianas de controle social.
No mundo contemporâneo, a geopolítica passou a ser fortemente influenciada pelas dinâmicas digitais, especialmente pelo protagonismo das big techs — grandes empresas de tecnologia como Google, Apple, Meta, Amazon e Microsoft. Essas corporações, com atuação transnacional, não apenas moldam fluxos econômicos e de informação, mas também impactam diretamente na soberania dos Estados, no controle de dados e na vigilância digital. Ao acumularem poder econômico e tecnológico, as big techs se tornaram atores geopolíticos relevantes, muitas vezes com mais influência que nações em desenvolvimento, interferindo em eleições, políticas públicas e padrões culturais em escala global.
Nesse contexto, a globalização ganha novas camadas de complexidade, pois deixa de ser apenas um fenômeno econômico e cultural, passando a incluir disputas pelo domínio tecnológico e informacional. As infraestruturas digitais controladas por poucas empresas concentram poder e aprofundam as desigualdades entre os países do Norte e do Sul global.
Assim, a globalização contemporânea, marcada pela interdependência digital, reforça a necessidade de uma nova leitura geopolítica, que considere os dados, a inteligência artificial e a regulação da internet como elementos estratégicos para a disputa de poder no século XXI.

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Sumário:

Apresentação | Vinicius Modolo Teixeira, Ivanio Folmer e Higor Ferreira Brigola - p. 7

Capítulo 1. Afinal, quem é que manda? Estados e empresas multinacionais na nova dinâmica global de poder(es) | Thiago Moreira de Jesus - p. 11

Capítulo 2. Nuvens geopolíticas: o cluod act, o PL 2418/2019 e a privacidade na Internet | Licio Caetano do Rego Monteiro - p. 27

Capítulo 3. Governança algorítmica e performatividade territorial no Brasil: uma análise crítica do Ranking Connected Smart Cities (2015-2024) | Daniel Godoy e Juçara Spinelli - p. 39

Capítulo 4. Análise de modelos de desenvolvimento urbano no Rio Grande do Sul a partir de desempenhos no Ranking Connected Smart Cities (CSC): discutindo performatividades e inflexão neoliberal | Daniel Godoy e Juçara Spinelli - p. 60

Capítulo 5. Territórios às margens: análise dos conflitos gerados pela expansão portuária sobre as comunidades tradicionais em São Luís - MA | Filipe Ricardo Ferreira Rabelo, Lyandra Ferreira Rabêlo, Francisco Kawan Rocha Bacelar e Vanderson Viana Rodrigues - p. 79

Capítulo 6. Sportswaching: o uso do esporte como estratégia geopolítica da Arábia Saudita | João Vitor da Silva Ficagna, Bianca de Almeida Wanderley, Luzia Giovana Rodrigues, Guilherme Fagundes Vargas e Nayhara Freitas Martins Gomes - p. 91

Capítulo 7. O projeto de desdolarização e a projeção global dos BRICS: como países emergentes figuram no cenário internacional | Vinicius da Silva Teixeira, Gabriel Costa Silva, Franco Sabben Slogo, Matheus Diegoli Caldeira e Beatriz de Azevedo do Carmo - p. 104

Sobre os organizadores - p. 118

Sobre as autoras e os autores - p. 119