Urbanidades em movimento: etnografias do cotidiano em diferentes escalas de cidades


PASSAMANI, Guilherme Rodrigues; BRUM, Asher (org.). Urbanidades em movimento: etnografias do cotidiano em diferentes escalas de cidades. São Carlos: Pedro & João Editores, 2024.

Apresentação:

O foco no cotidiano urbano permite que a Antropologia Urbana capture micropráticas que constituem a vida urbana, como o modo como as pessoas se movem pela cidade, as formas de sociabilidade nas ruas, a negociação de fronteiras simbólicas e as maneiras como os espaços públicos e privados são usados. Essas micropráticas são fundamentais para entender como o urbano é vivido e como o espaço é constantemente negociado pelos cidadãos.
Ao deslocar o foco dos grandes centros urbanos, especialmente no Brasil, o campo da Antropologia Urbana se abre para novos desafios teóricos e metodológicos. Cidades menores e regiões não hegemônicas podem apresentar dinâmicas distintas de produção e uso do espaço urbano. A interação entre áreas urbanas e rurais em cidades tidas como pequenas e médias, por exemplo, pode revelar formas outras de sociabilidade e economia que desafiam as categorias mais usuais da área. Estudos focados apenas nas grandes metrópoles podem naturalizar certos fenômenos urbanos como universais, quando na verdade são específicos de determinados contextos ou regiões particulares. Quando a Antropologia Urbana passa a ocupar-se, também, de cidades fora do eixo, torna-se possível problematizar alguns supostos e ampliar a compreensão do que constitui o dito fenômeno urbano.
A coletânea Urbanidades em Movimento: etnografias do cotidiano em diferentes escalas de cidades propõe uma reflexão interdisciplinar e plural sobre os processos urbanos, explorando diferentes escalas de cidades. Ao integrar etnografias que abordam contextos urbanos do Brasil, México (Puebla) e Portugal (Lisboa), essa obra destaca a importância de compreender as dinâmicas locais de diferentes formas de urbanidade, conectando essas experiências a uma visão mais ampla das transformações sociais, culturais e econômicas contemporâneas.
Ao aludirmos a urbanidades em movimento quisemos marcar que as cidades estão em constante transformação, não apenas fisicamente, mas também no que tange às relações sociais, culturais, econômicas e políticas. As práticas cotidianas, as formas de habitar, circular e interagir com os espaços urbanos refletem um movimento contínuo de adaptação, resistência e transformação. Assim, a cidade não é um espaço estático, mas um lugar de encontro, de trocas e de negociações entre seus habitantes e suas estruturas. O movimento, neste sentido, não se refere apenas às mudanças materiais, mas ao fluxo de ideias, identidades e corpos que atravessam esses territórios.

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Sumário:

Prefácio | Guilherme Rodrigues Passamani e Asher Brum - p. 7

Diversidade sexual e de gênero em contextos interioranos: por outros eixos antropológicos | Fabiano Gontijo e Igor Erick - p. 19

Transando com a cidade, ou: a quem se destina a "não cidade"? | Ramon Reis - p. 45

Itinerarios urbanos, lugares de encuentro, sociabilidad homoerótica en la ciudad de Puebla, México | Manuel Méndez Tapia e Mauricio List Reyes - p. 85

Festa, resistência e o direito à cidade: as lições da Antropologia Urbana às políticas de saúde em Cuiabá | Marcos Aurélio da Silva e Evilaine Silva da Costa - p. 109

O complexo ferroviário de Campo Grande - MS durante os anos de seu funcionamento: um não-lugar e seus lugares | Francesco Romizi e Larissa Emilia Monte Morandi - p. 131

O esquecimento como projeto: reflexões acerca do disco voador do Morenão | Leonardo Cristian Martins e Guilherme Rodrigues Passamani - p. 157

O Eldorado dos Bolsonaro: política e conflitos em uma cidade do interior paulista | Clayton Guerreiro - p. 179

A terceira margem da Antropologia: desafios do trabalho etnográfico entre / nas fronteiras latino-americanas | Anaxsuell Fernando da Silva e Nayara Fernanda Santos de Sena - p. 207

Bairros de Lisboa a três vozes: conceitos e práticas em Antropologia e Etnografia Urbanas | Graça Índias Cordeiro, Rita Ávila Cachado e Patrícia Pereira - p. 225

Sobre as autoras e os autores - p. 251