SARAIVA, Luiz Fernando; NABARRO, Wagner; GOLDFEDER, Pérola (org.). Atlas histórico-econômico do Brasil no século XIX. Brasília: Senado Federal; Niterói: UFF, 2024.
Apresentação:
A relação entre história e geografia não é estranha ao ofício de historiador; o exercício de aproximação entre essas disciplinas é fundamental à compreensão da realidade e ao campo de conhecimento das humanidades. Nesse sentido, a contribuição deste Atlas Histórico-Econômico é inestimável, e traz elementos, dados e informações à historiografia do território brasileiro durante o “longo século XIX (1780 a 1920)”, incluindo uma abordagem crítica das estatísticas desse período.
O Brasil iniciou tardiamente e de forma irregular a realização dos censos populacionais, prejudicando o desenvolvimento da ciência demográfica no país. Ainda hoje, são grandes as lacunas sobre as migrações inter-regionais, sobre as territorialidades dos povos e comunidades tradicionais e, portanto, sobre a formação do povo brasileiro no período colonial. As bases técnicas dos censos modernos já estavam estabelecidas na Europa, em 1853, e os Estados Unidos da América haviam instituído esse procedimento em 1790. Porém, em uma sociedade autoritária e ainda escravagista, qualquer controle adicional da população gerava protestos, e o primeiro censo brasileiro, o único do Império, só se realizou em agosto de 1872.
O viés economicista das primeiras estatísticas nos fala dos produtos, mas nada nos diz dos trabalhadores no processo produtivo. Fala-nos do ciclo dos produtos que interessavam às exportações e às rendas fiscais, mas nada nos fala do abastecimento das populações e dos seus principais fornecedores.
O espaço enquanto elo entre o passado e o presente da nossa formação social e do nosso território é essencial para revelar, por exemplo, como as regiões Sudeste e Sul adquiriram centralidade no desenvolvimento brasileiro e, ainda, como as relações assimétricas com o Norte e o Nordeste foram construídas ao longo dos séculos. As estatísticas econômicas, deslocadas da história dos lugares, massificaram preconceitos e reafirmaram trajetórias hegemônicas.
Em uma breve exploração do Atlas, destacamos que chama a atenção a importância do Ciclo da Borracha. Entre o censo de 1890 e o de 1920, a população do Pará, praticamente, foi multiplicada por três, enquanto a do Brasil, dobrou. Belém era a quarta cidade mais populosa do Brasil em 1920. A borracha era o segundo produto mais importante da pauta de exportações entre 1820 e 1890 e, em 1909, os portos do Amazonas e do Pará eram, respectivamente, o segundo e o terceiro maiores exportadores do país, ficando atrás apenas de São Paulo.
As informações trazidas por Luiz Fernando Saraiva e os demais organizadores desta obra nos permitem falar a história em diferentes perspectivas, não importando se esses percursos foram pouco ou muito explorados pela historiografia brasileira. Em cada um dos mapas e estatísticas organizados pelos autores, podemos encontrar formas novas de compreender o nosso passado e de refletir sobre o Brasil contemporâneo.
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Sumário:
Apresentação | Senador Randolfe Rodrigues - p. 7
Prefácio | Angelo Alves Carrara - p. 9
Nota Técnica - p. 10
Autores - p. 11
Introdução | Luiz Fernando Saraiva, Wagner Nabarro e Pérola Goldfeder - p. 12
Evolução territorial do Brasil no século XIX - p. 15
População - p. 20
Produção - p. 56
Comunicação e transportes - p. 112
Posfácio | Clodoveu Davis Júnior - p. 147
Referências - p. 149
Fontes dos mapas - p. 154
Apresentação:
A relação entre história e geografia não é estranha ao ofício de historiador; o exercício de aproximação entre essas disciplinas é fundamental à compreensão da realidade e ao campo de conhecimento das humanidades. Nesse sentido, a contribuição deste Atlas Histórico-Econômico é inestimável, e traz elementos, dados e informações à historiografia do território brasileiro durante o “longo século XIX (1780 a 1920)”, incluindo uma abordagem crítica das estatísticas desse período.
O Brasil iniciou tardiamente e de forma irregular a realização dos censos populacionais, prejudicando o desenvolvimento da ciência demográfica no país. Ainda hoje, são grandes as lacunas sobre as migrações inter-regionais, sobre as territorialidades dos povos e comunidades tradicionais e, portanto, sobre a formação do povo brasileiro no período colonial. As bases técnicas dos censos modernos já estavam estabelecidas na Europa, em 1853, e os Estados Unidos da América haviam instituído esse procedimento em 1790. Porém, em uma sociedade autoritária e ainda escravagista, qualquer controle adicional da população gerava protestos, e o primeiro censo brasileiro, o único do Império, só se realizou em agosto de 1872.
O viés economicista das primeiras estatísticas nos fala dos produtos, mas nada nos diz dos trabalhadores no processo produtivo. Fala-nos do ciclo dos produtos que interessavam às exportações e às rendas fiscais, mas nada nos fala do abastecimento das populações e dos seus principais fornecedores.
O espaço enquanto elo entre o passado e o presente da nossa formação social e do nosso território é essencial para revelar, por exemplo, como as regiões Sudeste e Sul adquiriram centralidade no desenvolvimento brasileiro e, ainda, como as relações assimétricas com o Norte e o Nordeste foram construídas ao longo dos séculos. As estatísticas econômicas, deslocadas da história dos lugares, massificaram preconceitos e reafirmaram trajetórias hegemônicas.
Em uma breve exploração do Atlas, destacamos que chama a atenção a importância do Ciclo da Borracha. Entre o censo de 1890 e o de 1920, a população do Pará, praticamente, foi multiplicada por três, enquanto a do Brasil, dobrou. Belém era a quarta cidade mais populosa do Brasil em 1920. A borracha era o segundo produto mais importante da pauta de exportações entre 1820 e 1890 e, em 1909, os portos do Amazonas e do Pará eram, respectivamente, o segundo e o terceiro maiores exportadores do país, ficando atrás apenas de São Paulo.
As informações trazidas por Luiz Fernando Saraiva e os demais organizadores desta obra nos permitem falar a história em diferentes perspectivas, não importando se esses percursos foram pouco ou muito explorados pela historiografia brasileira. Em cada um dos mapas e estatísticas organizados pelos autores, podemos encontrar formas novas de compreender o nosso passado e de refletir sobre o Brasil contemporâneo.
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Sumário:
Apresentação | Senador Randolfe Rodrigues - p. 7
Prefácio | Angelo Alves Carrara - p. 9
Nota Técnica - p. 10
Autores - p. 11
Introdução | Luiz Fernando Saraiva, Wagner Nabarro e Pérola Goldfeder - p. 12
Evolução territorial do Brasil no século XIX - p. 15
População - p. 20
Produção - p. 56
Comunicação e transportes - p. 112
Posfácio | Clodoveu Davis Júnior - p. 147
Referências - p. 149
Fontes dos mapas - p. 154