TIRELLI, Cláudia; PEREIRA NETO, Francisco; ROVERE, Tuize (org.). Modos de fazer cidade: (des)encontros entre o planejado e o vivido. São Carlos: Pedro & João, 2025.
Apresentação:
O principal desafio deste livro imprescindível, que agora chega às mãos do leitor e da leitora, é a tarefa de reimaginar a cidade, ou seja, de pensá-la não como um fato objetivo e definitivo decorrente da aplicação de saberes “técnicos” e “neutros”, como supõem as ficções dominantes, mas como um significante permanentemente em disputa. Dizendo de outra forma, todos os capítulos que compõem essa instigante coletânea partem do compromisso comum de desestabilizar a aparência de “verdade” e de “objetividade” subjacente às representações hegemônicas da cidade, com a finalidade de demonstrar como aspectos aparentemente “técnicos” associados ao planejamento urbano correspondem, na prática, ao emprego concreto de iniciativas amigáveis aos interesses das elites políticas e econômicas. Com efeito, ao serem lidos em seu conjunto, os capítulos demonstram que, longe de serem direitos garantidos, a habitação e o acesso à cidade são, na verdade, elementos frequentemente negados às populações mais vulneráveis. E tal negação surge como desdobramento do emprego contínuo de políticas urbanas alicerçadas em bases universalistas e excludentes, pouco ou nada sensíveis aos diferentes modos de viver e habitar os territórios. […]
[…] A perspectiva aqui defendida é, deste modo, a de uma análise sensível, que seja capaz de se debruçar sobre as experiências cotidianas e territorializadas protagonizadas por corpos e por formas de existência não-hegemônicas, afinal, das lógicas de organização, luta e representação política que passam a ser articuladas pelos saberes cotidianamente produzidos e trocados por essas coletividades subalternizadas, emergem novos regimes de urbanidade os quais, ao mesmo tempo que revelam a artificialidade dos dados e das representações ditas “oficiais”, “legais” ou “formais” da cidade, apontam para outras possibilidades de construção da vida urbana. Ao atentar, portanto, para a maneira pela qual as epistemologias colaborativas produzidas pelas práticas e pelos saberes citadinos são capazes de construir e revelar outras urbanidades possíveis, este livro presta uma contribuição fundamental aos debates contemporâneos sobre as formas de vida urbana.
Para baixar o livro gratuitamente no local original. clique aqui!
Para baixar o livro gratuitamente no arquivo da biblioteca, clique aqui!
Sumário:
Prefácio | Guilherme Aderaldo - p. 7
Parte I - Politicas Públicas e a Configuração das Cidades
Capítulo 1. Políticas públicas e modos de habitar: reflexões sobre a ausência dos usuários | Cláudia Tirelli e Francisco Pereira Neto - p. 15
Capítulo 2. Minha casa, e minha vida? Modos de habitar a periferia através da política pública habitacional | Tuize Rovere - p. 51
Capítulo 3. A implementação de políticas públicas sobre o uso de imóveis vagos ppara habitação popular em Porto Alegre - RS de 2001 a 2021 | Ana Laura Eltz - p. 67
Capítulo 4. Espaço público e inserção internacional nos bairros Floresta (Porto Alegre), Ciudad Vieja (Montevidéu) e Poblenou (Barcelona) | Vanessa Marx e Mariana Castilhos - p. 107
Capítulo 5. Os "donos" de Porto Alegre: a configuração da coalizão dominante da capital gaúcha | Marcelo Kunrath da Silva - p. 129
Capítulo 6. Da cidade negada à cidade outra: experimentações junto ao Programa de Aquisição de Alimentos | Cristine Jaques Ribeiro, Bruna Ribeiro Wruch e Natália Martins Leal - p. 153
Parte II - Cidades: Territórios Plurais
Capítulo 7. Quando a água veio: insegurança e segregação na Vila dos Papeleiros, Porto Alegre - RS | Luís Carlos Ribeiro Stephanou, Isadora Scopel Simon e Leonardo Brawn Márquez - p. 177
Capítulo 8. Padrões espaciais de segregação e dinâmicas comportamentais: uma análise de gênero com enfoque na população bissexual | Mariana Barbosa de Souza - p. 213
Capítulo 9. A roda da vida é a vida que gira: reflexões sobre ancestralidade e resistência negra nos espaços urbanos | Leandro Barbosa dos Santos - p. 235
Capítulo 10. Dos tempos da cidade: olhares antropológicos | Luca Fuser - p. 255
Sobre aas autoras e os autores - p. 283
Apresentação:
O principal desafio deste livro imprescindível, que agora chega às mãos do leitor e da leitora, é a tarefa de reimaginar a cidade, ou seja, de pensá-la não como um fato objetivo e definitivo decorrente da aplicação de saberes “técnicos” e “neutros”, como supõem as ficções dominantes, mas como um significante permanentemente em disputa. Dizendo de outra forma, todos os capítulos que compõem essa instigante coletânea partem do compromisso comum de desestabilizar a aparência de “verdade” e de “objetividade” subjacente às representações hegemônicas da cidade, com a finalidade de demonstrar como aspectos aparentemente “técnicos” associados ao planejamento urbano correspondem, na prática, ao emprego concreto de iniciativas amigáveis aos interesses das elites políticas e econômicas. Com efeito, ao serem lidos em seu conjunto, os capítulos demonstram que, longe de serem direitos garantidos, a habitação e o acesso à cidade são, na verdade, elementos frequentemente negados às populações mais vulneráveis. E tal negação surge como desdobramento do emprego contínuo de políticas urbanas alicerçadas em bases universalistas e excludentes, pouco ou nada sensíveis aos diferentes modos de viver e habitar os territórios. […]
[…] A perspectiva aqui defendida é, deste modo, a de uma análise sensível, que seja capaz de se debruçar sobre as experiências cotidianas e territorializadas protagonizadas por corpos e por formas de existência não-hegemônicas, afinal, das lógicas de organização, luta e representação política que passam a ser articuladas pelos saberes cotidianamente produzidos e trocados por essas coletividades subalternizadas, emergem novos regimes de urbanidade os quais, ao mesmo tempo que revelam a artificialidade dos dados e das representações ditas “oficiais”, “legais” ou “formais” da cidade, apontam para outras possibilidades de construção da vida urbana. Ao atentar, portanto, para a maneira pela qual as epistemologias colaborativas produzidas pelas práticas e pelos saberes citadinos são capazes de construir e revelar outras urbanidades possíveis, este livro presta uma contribuição fundamental aos debates contemporâneos sobre as formas de vida urbana.
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Sumário:
Prefácio | Guilherme Aderaldo - p. 7
Parte I - Politicas Públicas e a Configuração das Cidades
Capítulo 1. Políticas públicas e modos de habitar: reflexões sobre a ausência dos usuários | Cláudia Tirelli e Francisco Pereira Neto - p. 15
Capítulo 2. Minha casa, e minha vida? Modos de habitar a periferia através da política pública habitacional | Tuize Rovere - p. 51
Capítulo 3. A implementação de políticas públicas sobre o uso de imóveis vagos ppara habitação popular em Porto Alegre - RS de 2001 a 2021 | Ana Laura Eltz - p. 67
Capítulo 4. Espaço público e inserção internacional nos bairros Floresta (Porto Alegre), Ciudad Vieja (Montevidéu) e Poblenou (Barcelona) | Vanessa Marx e Mariana Castilhos - p. 107
Capítulo 5. Os "donos" de Porto Alegre: a configuração da coalizão dominante da capital gaúcha | Marcelo Kunrath da Silva - p. 129
Capítulo 6. Da cidade negada à cidade outra: experimentações junto ao Programa de Aquisição de Alimentos | Cristine Jaques Ribeiro, Bruna Ribeiro Wruch e Natália Martins Leal - p. 153
Parte II - Cidades: Territórios Plurais
Capítulo 7. Quando a água veio: insegurança e segregação na Vila dos Papeleiros, Porto Alegre - RS | Luís Carlos Ribeiro Stephanou, Isadora Scopel Simon e Leonardo Brawn Márquez - p. 177
Capítulo 8. Padrões espaciais de segregação e dinâmicas comportamentais: uma análise de gênero com enfoque na população bissexual | Mariana Barbosa de Souza - p. 213
Capítulo 9. A roda da vida é a vida que gira: reflexões sobre ancestralidade e resistência negra nos espaços urbanos | Leandro Barbosa dos Santos - p. 235
Capítulo 10. Dos tempos da cidade: olhares antropológicos | Luca Fuser - p. 255
Sobre aas autoras e os autores - p. 283